A Lenda do Herói!

 



Os mais sábios ressaltam que uma guerra é decidida antes mesmo de começar. Talvez esta frase levada ao pé da letra seja uma verdadeira pulga atrás da orelha, mas negar por completo qualquer vestígio de veracidade condizente com essa frase é no mínimo ignorância. Uma pessoa apta de sã consciência jamais inicia uma guerra sem saber quem ou o que está enfrentando, então atos de averiguação como os costumes de seu oponente, suas fraquezas, seus hábitos e suas manias são requisitos necessários para determinar se conseguira uma vitória óbvia ou uma derrota eminente. E assim se é capaz de ganhar uma guerra antes mesmo de inicia-la. Talbot apesar de ostentar uma aparência jovial como também poucas primaveras em seu curriculum, demonstrava ser um rapaz bastante apto e de ótimos instintos, sendo o primeiro a sentir aquela sensação estranha a qual circundava seu grupo.


Contudo, movido por seus altos sentidos ou pelo calor do momento, o loiro acabava por vociferar de modo a alertar ou amedrontar seja lá o que fosse aquilo que, por sua vez, não emitia resposta. - Você realmente achou que eles fossem responder? Hahahahah! Francamente, você é muito engraçado - Dizia em risadas. - Não seja tão inocente assim, rapaz! Isso foi uma ótima tentativa, mas imagino que agora essas “coisas” dobrem a cautela – Ponderava o deboche do mais novo. A garota então tomava a iniciativa realizando alguns passos mais a frente, levando seu indicador direito a frente de sua boca em um sinal de silêncio, posicionando o dedo em questão sobre o solo enquanto fechava os olhos logo em seguida. - Eu... Eu... Eu realmente não consigo encontrar nenhuma presença, pelo menos não em contato com o solo dentro de 30m – Concluía, adotando uma feição mais preocupada.


Após alguns passos à frente, Talbot vislumbrava algo que despertava ainda mais seu raciocínio, não demorando para expor seus pensamentos como também levantar a dúvida para o grupo. - Sim, ao menos foi isso que foi passado para nós durante a compra. Mas essas espadas e fogueira(...) - Reflexionava.  - Talvez seja de pessoas que tentaram fechar anteriormente, embora curiosamente não obtiveram sucesso, mesmo sendo uma de Rank D – Respondia o mais velho. Aquilo realmente era curioso, mas para Talbot aquilo estava bem claro. Sim, isso mesmo, uma armadilha era o que ele arqueava. Todos ficavam receosos com o anuncio, afinal, monstros com inteligência suficiente para montar armadilhas? Isso de fato seria preocupante. - Ta... Vocês são realmente muito bobocas, eu já falei, vamos seguir caminho direto para o boss! - Afirmava convicto.


O mago então iniciava uma breve corrida para frente, visando mostrar seu ponto para os demais. - Venham logo, venham logo! Hahahaha – Berrava enquanto corria. Entretanto, antes mesmo que qualquer pessoa pudesse alertar aquele perigo, dois ‘’arpões’’ de madeira eram atirados de cima para baixo, esses vindas de dentro da floresta, onde um passava bem a frente do rosto do garoto que por sorte ou puro reflexo cessava sua corrida, enquanto a outra o atingia de raspão bem ao braço. - ARGH!! - Vociferava. Após aquilo muito barulho de corrida e movimentação era audível vindo da mata, explicitando que havia muitos, como também sua alternância de posição. Eram rápidos. O mais velho, sem pensar duas vezes corria em direção ao mago, erguendo seu escudo e empunhando seu machado enquanto se mantinha a frente do rapaz. - Fique atrás de mim, criança! - Dizia em tom ríspido, seco e firme, evidenciando seu papel de líder naquele momento.  

Após alguns segundos de suspense, finalmente aquilo que circulava o grupo dava as caras. Em um rápido movimento, uma silhueta humanoide fechava o caminho a qual seguiam, trazendo consigo duas espécies de cães de guarda, esses que ficavam ao lado daquilo que se destacava entre os demais. Fechando a entrada, emergiam por trás duas criaturas também humanoides, embora explicitassem um ar de selvageria elevado em comparação ao suposto “chefe”. Por fim, lateralmente erguiam-se mais duas criaturas humanoides, esses na direita e na esquerda do grupo, possuindo as mesmas características dos citados anteriormente. - São... Muitos... Eles... são caçadores.... - Dizia lentamente, enquanto era forçada levantar sua postura de combate. - Se preparem para tudo, inclusive para o pior! - Firmava o escudeiro.

Os monstros laterais e da retaguarda se encontravam a 10 metros e lentamente, mas bem lentamente mesmo, iniciavam juntos uma caminhada para próximo do grupo. Enquanto o suposto chefe se mantinha inerte a exatos 20 metros, liberando seus acompanhantes em uma investida mais rápida que a dos outros. O objetivo deles era abrir a guarda com os cães, que disparariam cabeçadas e mordidas, enquanto o grupo aproveitando do seu maior número os fechavam para finaliza-los, disparado golpes firmes e secos com suas garras e até mesmo mordidas caso entrassem em seu raio de ataque. Pareciam rápidos, mas sem dúvidas não eram tão resistentes.  

 

 



Silêncio, você vai atrapalhar a caçada fazendo barulho desse jeito. Shiiiiu! Veja bem, isso aqui não é simplesmente ataque contra ataque, a arte da caça é milenar e não é tão simples quanto parece. Observar, traçar o ataque e executa-lo. Falando assim realmente parece simples, mas acredite, não é. A sensação do sangue fervendo, adrenalina inundando e sentidos aguçados é descrita por muitos como o mais genuíno nirvana. Ah alguns que até mesmo ousam descreve-la como “a verdadeira maneira de saber se está vivo”. Mas se tem uma coisa que todos podemos concordar é que na caçada(...) sempre vence o mais forte!

Em questão de segundos aquele ambiente havia chegado em seu ápice, era surreal a tensão a quão circundava aquela atmosfera, levando até mesmo o experiente líder a esbouçar uma nítida feição de preocupação ao seu rosto. Julga-lo talvez estivesse fora de questão, uma vez que todos ali presentes em diferentes níveis e escalas transpareciam resquícios do mesmo sentimento, entretanto, hesitar ou mediar esforços não era uma opção e Talbot havia total ciência disso. O garoto, esse visivelmente energizado e empolgado erguia ambas as mãos a sua frente, posicionando-se para aquela primeira investida que se sucedia com o avançar daqueles ‘’cães’’.  

Um dos atacantes lançava-se primeiro, encontrando o braço do lutador que propositalmente o cedia, visando aproveitar daquela abertura e falta de inteligência do animal para inseri-lo um golpe seco e direto ao seu queixo, de baixo para cima e com uma força avassaladora. Ao colidir com o punho sobre a criatura, poderia rapidamente perceber que aquilo não era resistente, para ser mais claro, era como golpear uma almoçada, eram nitidamente fracos fisicamente levando ao seu cair desfalecido ao chão. Em contrapartida, eram extremamente ágeis e isso se mostrava após a segunda criatura que, ainda no ato de ataque do rapaz, abocanhava sua perna e por sorte, ou talvez pura agilidade, tinha como resposta um golpe de cima para baixo “Crack” bem na cabeça do animal. - Droga, não tome a dianteira assim tão descuidado! - Dizia a lutadora


Aquele golpe não era grave, nem muito menos afetava sua capacidade motora, mas certamente deixava uma lição importante: aquelas coisas eram rápidas e ágeis, mas não eram fortes ou resistentes. - Drogaaa! Meu corpo está... Pesado?! Droga, droga, droga, meu corpo porra! Meu corpo está travado! - Vociferava nitidamente nervoso e impaciente o pequeno mago. - Eu já disse, fique atrás, eu e Mya conseguimos dar conta! - Dizia em tom opressor para o garoto. - Talbot, você vai pela.... Talbot?! - Proferia em surpresa após o loiro ir direto ao suposto chefe daquele bando, afinal estava sozinho e consideravelmente afastado dos demais. - O que ele está fazendo, porra! - Dizia o líder confuso e alterado. realmente situações de combate são estressantes. - Se ele foi, deve confiar bastante em seus punhos, deixe ele, cuidaremos desses a frente – Dizia a garota disparando alguns golpes nas criaturas.

Um pouco mais afastado seguia Talbot em uma investida contra a fera humanoide, essa que se mantinha inerte a todo momento em aguardo, mantendo seu semblante de autoridade enquanto assistia aquele avanço. O loiro era então o primeiro a iniciar os golpes, desferindo em uma rápida manobra giratória um potente golpe baixo, que por sua vez era rapidamente respondido com um pisar de cima para baixo, esse que não era forte o bastante para quebrar, mas certamente a dor era potente o suficiente para incomodar o loiro graças a sua baixa vitalidade. Entretanto, embora tivesse uma resistência baixa, Talbot compensava tudo isso em sua força, forçando assim sua perna de modo a retira-la daquele pisar e consequentemente desequilibrar o humanoide que ainda mantinha sua perna ali e, graças a essa brecha, permitia o desferir de dois socos do garoto, sendo um pegando apenas de raspão graças a um rápido jogo de corpo e o outro bem em cheio, na costela, forte o suficiente para empurrar a criatura lateralmente a quase um ou dois metros.


O ser nitidamente havia sentido aquele golpe, isso se mostrava ao seu ato de levar uma das mãos na região atingida. Sua respiração parecia também sofrer com aquele golpe, uma vez que mesmo trocado apenas um golpe ou outro, estava ofegante graças ao soco. Contudo, não demorava para se recompor e, mais uma vez, ficava inerte à espera do lutador, dessa vez a mais ou menos dois metros de distância. A perna de direita de Talbot estava machucada, ela não o impedia de correr ou atrapalhava seus movimentos, mas certamente aquela região estava machucada e bem mais sensível que o normal. Mais atrás, poderia ser visto até o momento uma possível vitória, uma vez que duas das seis criaturas haviam sido nocauteadas e visivelmente Mya e Mamoru estavam bem.