De um lado tínhamos alguém novato nesse tipo de Dungeon, não que isso fosse um problema, mas não era o ideal. Do outro lado, haviam pessoas mais fortes ali, além do necessário, todavia o poder em excesso causava soberba e isso poderia ser um grande empecilho, principalmente se esse orgulho gerasse outras problemáticas para o grupo.
Ouvia algum comentário a respeito do moreno, porém não me perturbava com isso, ele poderia pensar o que quisesse, contanto que ajudasse o grupo, ainda não sabia sua classe, apenas seu rank. Sendo um rank B ele teria força para ajudar a proteger os outros dali, e era isso que importava no fim. Aos poucos o restante dos caçadores iam adentrando, tentava achar mais alguma coisa naquela caverna, porém aparentemente era tudo que saberia de começo. Um lugar úmido, escuro, com um cheiro forte de enxofre e cheio de aranhas, não era o melhor cenário, mas nem de longe o pior. Agachava novamente, procurando mais alguma pista naquelas teias abandonadas, até que ouvia um som de arrasto, algo incomum de se ouvir.
Imediatamente virava-me para a origem do som e ficava perplexo com a construção dos cogumelos, como eles tinham crescido tão rápido? Algum monstro? Ou eles próprios tinham vida? Então, a linha de raciocínio era cortada ao ouvir uma terceira voz.
"Cortar eles? Mas isso.." - Espe-! Estendia a mão tentando parar aquela pessoa, porém era tarde demais. Uma curta rajada de ar fatiava o cogumelo, o qual liberava sua defesa, uma nuvem de fumaça roxa. Ainda estava longe de nós, ainda assim meu corpo respondia por instinto, levando o ventre do braço ao rosto como forma de proteção. A fumaça densa parecia conter-se no outro lado e causava dano o suficiente do lado de lá.
Dava um passo, e de repente -
toc toc toc - uma sequência de sons ia magnificando-se, de começo parecia indistinguível aos ouvidos, mas no instante seguinte era claro, o som de algo duro batendo contra as rochas. O corpo imediatamente virava-se para a origem do som e na sombra formava-se o pesadelo. É claro, uma aranha gigantesca. A cabeça logo começava a imaginar estratégias possíveis e a realidade afastava-se dos sentidos, a ponto de sequer perceber o outro apavorar-se. Somente quando o som do fogo me atraia a atenção que eu saia daquele mundo de abstrações, uma onda de fogo avançava contra o inimigo, meus olhos iam acompanhando seu trajeto, acertava, dissipava e no lugar instalava uma cortina de fumaça, essa muito menos densa do que a névoa.
Por um lado, era bom ter dissipado aquela névoa, tornaria nosso combate mais fácil, mas um fogo daquele jamais seria o suficiente. Não atoa a aranha alfa parecia sequer ter importando-se com isso, apenas ficado mais brava.
- Tsc. Resmungava a um tom inaudível, isso colocaria mais pressão no grupo, afinal agora as aranhas estariam irritadas e viradas para nós. Além disso, das maiores haviam dois tipos, um vermelho e verde, cores diferentes podem significar coisas diferentes, seria veneno? Força? Quais eram os segredos deles, sabia pela Monstrologia que aranhas possuíam venenos, além de tamanhos e força sobre-humanos, porém existem diversas variações de um tipo, e aquele, qual seria ?
Apertava mais forte as mãos nos bolsos, eu não poderia ser o primeiro a agir, por mais que quisesse. Felizmente, o machista aparentemente queria tomar esse papel. Ele soltava mais uma frase no ar, a qual pessoalmente eu sequer entendia, e isso demonstrava a confiança dele no momento, isso era bom. Logo, ele partia rumo as aranhas, seguido de Jimseung.
"Como posso aliviar para eles? Combate direto está fora de questão." Olhava para os membros, alguns já tinham se mobilizados, o espadachim estava ainda agoniado e esse era o momento perfeito para fazer ele evoluir como caçador.
- Escute, vou precisar da sua ajuda, podemos derrotar boa parte daquelas aranhas, mas eu preciso das suas chamas. Nos ajude a eliminar elas ! Dizia prontamente ao espadachim após chegar ao lado dele. Olhava-o por um instante nos olhos, tentando passar alguma confiança. Sendo assim, o plano era simples na verdade, esperaria ele liberar sua habilidade e nesse instante geraria com a mana uma corrente de ar mais forte, tentando direcioná-la para as aranhas menores, esse tipo de junção criaria um aumento das chamas, talvez na maior não surtisse efeito, porém nas menores seria suficiente. Outrora, sabia da possibilidade do espadachim não conseguir me ajudar e aí não teria jeito, usaria apenas as correntes de ar, tentando aumentar o fluxo para jogar as aranhas menores contra as paredes das cavernas e talvez atordoá-las.
Além disso, estaria mais atento as proximidades, talvez algum aracnídeo escapasse desse fluxo de ar ou das chamas, e seria o suficiente para chegar perto do grupo. Nesse caso, interromperia minha magia e imediatamente criaria uma pequena bola de ar, arremessando-a com pressão contra algum dos insetos que chegasse a avançar contra a retaguarda do grupo.
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