Jin-ha cresceu como uma madame, tendo tudo que queria as mãos mesmo que não pedisse e, de fato, diversas vezes até negando que fosse tratada como diferente. Mas isto era impossível. Ela fazia parte da família Chaegul, que comandava boa parte do submundo de Seul devido a influência monetária que possuía e diversos favores que haviam conseguido de diversas pessoas em diversas camadas sociais. Tal poder vinha da mineração de uma pequena cidade afastada de Seul, onde vendendo os minérios e jóias preciosas que lá conseguiam e agindo como agiota para um bêbado no bar até políticos e chefes de governo, haviam criado raízes em praticamente toda a Seul. Jin-ha era filha de Hong, líder da família Chaegul, uma das mais influentes da máfia coreana se não A mais influente. Contudo, ela odiava aquilo. Principalmente o fato de todos a tratarem como se fosse feita de cristal, mal conversando com ela devido ao medo do que seu pai poderia fazer. Em sua juventude, diversas vezes pedia para seu pai para ajudar nos negócios da família, nem que fosse escavando as minas, mas a resposta era sempre a mesma: "Isto é trabalho de homem. Você deve focar apenas em se tornar uma ótima esposa um dia." Aquilo fervia completamente o sangue da moça, que por ironia ou sarcasmo da ação, tomava em mãos uma vassoura e passava algumas boas horas do dia varrendo as minas, algo que obviamente não precisava mas ela o fazia sobre o pretexto de estar apenas treinando para ser uma boa dona de casa para seu futuro marido.
O que seu pai nem ninguém percebia era que varrer era a última coisa que ela fazia, quando na verdade aproveitava o formato da vassoura para imitar uma lança e treinar seu combate. Mas isto não era do nada muito menos sem um objetivo em mente. Quando tinha seus 16 anos, descobriu ouvindo escondida uma conversa sobre um tal Coliseu, lugar onde os devedores da máfia pagavam sua dívida com entretenimento para um público burguês que pagavam quantia exacerbadas para assistir aqueles pobres seres se degladiando. A lanceira viu nisto sua chance de provar ao pai que não precisava de cuidados, que podia muito bem fazer tudo que um homem podia e, principalmente, demonstrar sua força. Depois de alguns anos treinando com uma vassoura, a única forma que conseguia sem que seu pai enchesse seu saco, decidia que era hora de botar seu plano em prática. Tingia seu cabelo de vermelho e o soltava completamente, coisa que ninguém, nem mesmo seu pai ou mãe via com frequência, deixando-o rolar até um pouco abaixo da cintura e tomava como posse uma lança. A adaptação da vassoura para a lança foi algo fácil devido a leve semelhança que possuía e então, se misturando a um carro de devedores que chegavam ao Coliseu ela finalmente entrava. O local era pútrido e mantinham a higiene e alimentação no mais básico possível, apenas para manterem os competidores vivos. A diferença na vida que havia tido até então era clara, mas parecia não abalar Jin-ha, que estava até feliz com a oportunidade que havia criado.
Conseguiu algumas lutas e como era de se esperar, considerando que boa parte dos adversários eram apenas pessoas comuns que por deverem a máfia acabavam jogadas ali, não tinha muitos problemas. Na verdade, era fácil até demais. Um certo desapontamento começou a abater sobre a jovem aventureira e aumentou ainda mais quando percebeu que parte do porque as lutas estavam tão fáceis era porque algumas pessoas pareciam ter notado quem ela era de fato. Isso ficou claro quando 5 lutas em sequência seus oponentes sequer tentavam revidar, apenas aceitavam seu infortúnio destino. A lanceira não conseguia entender como seu pai ainda permitia que ela continuasse ali. Talvez ele não soubesse? Não. Impossível. Alguém como ele certamente saberia. Talvez uma punição pelo que ela tinha feito era justamente desmotivá-la até o ponto que ela não teria escolha se não retornar com o rabo entre as pernas? Talvez. Mas essas dúvidas logo não rondariam mais sua cabeça. Num fatídico dia, quando suspirava antes do que achava ser mais uma luta patética, era surpreendida por um ser que lutava de forma grotesca, imitando o que parecia ser um tigre e curiosamente com a aparência bem semelhante a um também.
Seu sangue fervia em excitação. Era a primeira luta de verdade que havia tido em meses e, para sua surpresa, também era a primeira vez que perdia. Seu oponente nem armas chegava a usar, mas devastava a moça com uma força espetacular. Naquela mesma noite, ouviu alguns gritos de dor, provavelmente do tal homem por ter batido nela e concluiu que ele provavelmente estaria morto a essa altura, como todos que se opuseram a seu pai. Tentou esquecer aquela luta mas não conseguia, até que certo tempo depois fora informada de seu próximo oponente: Jun "Tigre Branco" Ch'ang. Era ele. Ele ainda estava vivo. Um misto de excitação e pavor percorria seu corpo e mais uma vez eles se enfrentaram, tendo o mesmo resultado anterior, tanto na luta quanto no que ocorria depois dela, ouvindo gritos de dor provavelmente do Tigre Branco sendo torturado. Cerca de um ano havia de passado desde que havia entrado ali e sua vida continuava a mesma, vencendo facilmente qualquer um que não fosse o Tigre Branco, claramente ele era o único que lutava de fato com a moça mesmo depois de descobrir quem ela era.
Neste dia, seu próprio pai vinha lhe visitar em sua cela. "Já chega desse show. Vamos pra casa. Hoje será sua última luta com aquele verme de lobo branco e também será a última dele, independente do resultado. Já estou farto de torturar aquele capacho e ele continuar não me obedecendo." A lanceira nem conseguia uma reação para responder. Suas lutas anteriores eram sempre interrompidas pelos "juízes" do coliseu, diferente das outras pessoas que se digladiavam até a morte. Ela sabia o que a fala de seu pai queria dizer. Eles matariam o tigre branco naquela noites independente do resultado. O único motivo dele estar vivo até então era provavelmente pelo lucro que gerava, mas aparentemente a família estava disposta a abrir mão disso, provavelmente sobre forte influência de seu pai. Na luta daquela noite, contudo, o resultado era diferente. O fenômeno conhecido como despertar acontecia tanto para ela como para o tigre branco, este que por ironia do destino despertava ainda mais poderoso do que já era e, claramente, mais forte que ela. A luta entre os dois despertados foi tão feroz que engoliu o Coliseu inteiro, roendo a estrutura submersa e criando uma cratera com tudo que havia acima dele. Porém, aquela definitivamente era a noite que mudaria sua vida. Jun lhe fazia uma promessa de que se ela se tornasse sua companheira, como sua segundo em comando e conseguisse com que a organização que criaria fosse tão forte como ele, lhe daria o prazer de uma luta sem regras e sem juízes dessa vez, até a morte.
Aquilo era o que a moça mais desejava e aceitou o cargo de vice-mestre da White Tiger, guild de seu nemesis. Apesar dele ser o líder, Jun era alguém no mínimo… Excêntrico. E não podia se importar menos com os afazeres de líder, deixando tudo para Jin-ha, que via aquilo tudo como forma de entender melhor seu inimigo. Diversas vezes de questionou porque diabos havia aceitado tal cargo se quem de fato cuidava de tudo era ela, mas logo obtinha sua resposta quando sua força era posta a prova. De pouco em pouco, enquanto gerenciava a guild tanto dentro como fora dos portais, sua força crescia exponencialmente e sentia que cada vez mais sua luta final estava próxima, o que lhe servia de combustível mais que suficiente para prosseguir. Devido a severidade com a qual gerenciava a guild pela falta de determinação em tal ação por parte de seu superior, acabou ficando conhecida como "Imperatriz" alguém temida por muitos… E respeitada por todos.