Llyz Chevalier

Para Madre Eefje.

“Benção Madre. Faz muito tempo que não lhe escrevo, embora sinta-me um pouco antiquada por realizar uma prática não muito comum nos dias de hoje. Na realidade, sinto-me levemente nostálgica sempre que trocamos mensagens embora não esteja dispondo de muito tempo para tal. Como estão as coisas pelo orfanato? Chegou a mim notícias de que a antiga igreja na qual fui acolhida por você passou por uma reforma, é bom saber que a administração pública da Antuérpia permanece dedicada a comunidade, embora não possa dizer o mesmo dos que chegam ao país, expulsos de suas pátrias. Será que o fato de ter sido abandonada me faz simpatizar tanto com estes refugiados? Talvez, mas seguimos caminhos bem distintos no fim das contas.

A Senhora me acolheu ainda recém nascida e cuidou de mim da melhor forma que pode. Sei que tinha o desejo de me ver servindo a vida religiosa, mas acho que desde pequena lhe dei mais trabalho do que pudesse supor. Acho que escrevo essa carta para me lembrar do passado e agradecer por tudo o que fez por mim e que ainda está fazendo. Se não fosse por seus ensinamentos talvez não fosse hoje alguém tão engajada e muito menos alguém com condições de vir estudar em Marselha. A isso preciso agradecer também ao Bispo Emmanuel, por ter aceitado o seu pedido de me acolher na Basílica, para que ajudasse em seu projeto social com os órfãos que chegam a França. Nestas crianças, muito mais do que nos adultos, eu vejo a mim mesma e simplesmente não consigo ignorá-las. Meus estudos se encerraram a cerca de três anos e este tempo ocioso me dediquei o máximo possível em ajudar os que necessitavam, mas nestes tempos sombrios não apenas o Governo Francês adotou uma política xenofóbica, como as questões da Dungeons espalhadas pelo Mundo também ocorreram.

E é sobre isso também que decidi lhe escrever.

A cerca de dois anos, descobri ser uma caçadora, no início não compreendia o que isso significava embora algumas pessoas dos arredores da Basílica pareciam agitadas ao saberem que tinha obtido o ranqueamento de tipo B. Não me sentia apta para agir em um local onde a ganância parecia imperar, porém conversando com alguns caçadores locais pude entender melhor algumas motivações e somado a fatos recentes, tomei a decisão de seguir até a Coréia de Sul, para me juntar ao inúmeros caçadores e lutar. Não tenha medo, nestes três anos também treinei para a função com os caçadores que conhecia, aprimorei meus Instintos e agucei meus sentidos, engraçado pois eles comentam sobre meu Sangue Frio para tensas situações e minha capacidade elevada de analisar bem as pessoas. Treinei o uso de armas brancas para me defender e estudou sobre Monstrologia, sinto-me pronta.  Farei isso pelo dinheiro, não pela ganância. Bispo Emmanuel se mostrou receoso de minha decisão, ele acredita que a informação de que o Governo não mais iria custear ações sociais e que não mais investiria nas futuras renovações da Catedral, foi fator determinante em minha decisão. E em parte, foi sim. Irei trabalhar como caçadora e usarei o lucro desse trabalho para manter o projeto e manter a Catedral.”

Não pedirei que reze por mim, apenas que aceite minha decisão.
Um grande beijo de sua filha.

Llyz Chevalier.