[Evento Global] - A Reunião Anual do Hunter's Bureau!

O funcionário da festa então se aproximou de mim para atender meu pedido. - Você que é o Wander Ley-Son? - Ele chegou questionando sobre o meu nome.

- Sim senhor. - Disse confiante, me sentindo orgulhoso de o chefão da Fame já saber meu nome e já espalhar ele por ai. - Não, pera... - Nesse momento eu percebia que o Min Kaa-Jhun não sabia como eu me chamo. Então como diabos aquele segurança sabia quem eu sou?

- Então você que é o responsável por todas as calças que chegam na portaria sem parar? - Ele disse claramente irritado e já começando a me conduzir aos empurrões até a saída.

- Não, peraí senhor, eu posso me explicar... - Eu me debatia tentando olhar para trás para convencer o homem, mas ele parecia estar decidido a me arrastar para os portões. Chegando lá me deparei com um amontoado de roupas largadas do lado da entrada, coisa que os seguranças claramente não sabia como lidar.

- Aqui você vai ter muitas opções de calças. Escolha uma e depois dê um jeito nessa bagunça. - Ele disse depois de um longo suspiro e então voltou para o posto dele lá dentro.

- Caramba chat, olha a roubada que vocês me meteram. Já deu de calça, parem. - Tentei parar com aquela zoeira do chat.

Estava em dúvida qual serviria para o sujeito, então tratei de catar um bolo de calças e chutar o restante para trás de alguma moita ali perto. E assim retornei para a pista de dança e segui até o banheiro, contornando o povo com aquele monte de tecido em minhas mãos.

- Tô de volta, meu bom! - Disse assim que entrei no banheiro. - Cadê tu? Trouxe diversas opções para você escolher. - E bati na porta da cabine que ele tinha se trancado antes.

Wander Ley-Son: EVENTO:

De uma hora pra outra, Sarah-senpai irritava-se com a atitude da mulher que me entendeu, a que estava representando a guilda Draw Shield. Ela havia ficado com raiva ao ponto de querer criar uma guilda por si mesma, assim como Mikaela-chan havia sugerido. Eu por um lado fiquei muito feliz já que, se ela quisesse, ela simplesmente poderia chamar Risa-chan e Mikaela-chan e todas entrarem na guilda sem mim, mas, ela parecia não querer isso. Sarah-senpai não queria me deixar de fora! Isso queria dizer que ela se importava comigo e logo eu abraçava e por um momento levantava-a com alegria.- Sarah-senpai, muito obrigado!- eu então colocava ela de volta no chão, e com um sorriso, comecei a falar novamente.- Mas, eu não quero que você fique com raiva da moça. Ela apenas está fazendo o trabalho dela.- eu estaria agindo de maneira errada se gostasse do fato de Sarah-senpai ficar com raiva da representante de Draw Shield só por ela ter falado as regras da guilda.

De qualquer forma, a ideia de montar a guilda não parecia ser uma má ideia. Uma guilda onde todo mundo tivesse a mesma importância, onde todos fossem tratados de maneira igual. Raegar-san por sua vez falava num tom mais experiente e realista. Ele realmente parecia ser entendido no assunto do mundo dos caçadores, o que me deixava um pouco envergonhado, já que eu nunca foi minha área de interesse principal. Raegar-san sugeriu que entrássemos em uma guilda famosa, para conseguir bons equipamentos e aliados, formar uma base sólida para então assim criar a nossa guilda posteriormente; algo que fazia muito sentido se parar para pensar.- Raegar-san, o que você falou é verdade. Talvez o melhor caminho para se criar uma guilda seja esse...- eu olhei para Sarah-senpai, novamente.- O que você acha Sarah-senpai? A gente pode tentar entrar em outra guilda, se você quiser.- sorri ao final da minha sugestão.

Logo chegava a hora do baile, afinal, ainda era um evento de gala e pessoas refinadas estavam no local, seria uma boa oportunidade de achar um bom parceiro de dança e se divertir juntos, e tomar alguns drinks... bom, quem tivesse idade suficiente é claro. Com 19 anos, eu não podia beber e nem mesmo pretendia, afinal, desde pequeno eu batalhei para chegar no estado onde estou com meu corpo, mantendo uma alimentação regrada e exercícios constantes. Ajeitei o meu karate-gi e minha faixa preta, olhando de um lado para o outro garçons passando pelo hall e pares dançando. Minhas roupas de karateca não eram muito apropriadas em comparação com o pessoal que vestia paletó e gravata, mas, eu não me deixava abalar. Se alguém me chamasse para dançar, eu não negaria.

Eu acabara falando demais, acho que a situação como um todo me forçara a isso, já estava emotiva por ter puxado a minha prima contra a vontade dela. Como acabava vendo que não podíamos entrar num grupo só porque eramos fracos? Na verdade isso era parte da liberdade deles. Por mais que eu achasse isso idiota.

Os dois loiros ali a minha volta embarcavam na ideia de sua própria maneira. Claramente Raegar era bem mais falante do que Evgeny, tanto que isso que fizera eu falar bem mais do que sou acostumada. O animadinho na verdade continuava basicamente calado pedindo para que eu não ficasse com raiva da moça. - Não estou com raiva dela. Estou com raiva dessa política idiota. Mas bem, isso é parte de quem eles querem ser, então não posso realmente reclamar. - Comentava ainda não acreditando que tal situação era possível.

Já o loiro mais velho acabava fazendo um discurso bem longo. Explicando que mesmo achando a ideia interessante, que era melhor entrarmos numa guilda primeiro por uma série de razões. Quando ele terminava, até mesmo o animadinho parecia convencido pelas palavras dele. - Você deu bons motivos realmente. Mas não pense que eu só falei isso do nada. Como falei, a minha irmã que falou isso anteriormente. - Reforçava aquilo para ele entender que mesmo que fosse lá no fundo, que a ideia não surgira completamente da raiva e da impulsividade. - E a maioria das coisas que você comentou Raegar já me parecem impossíveis para pessoas como nós. - Comentava meio triste.

Levantava a minha mão fechada e então começava a enumerar o que Raegar mesmo havia me falado olhando para a minha própria mão. - Bons equipamentos sendo rank D? Não vai acontecer. Ganhamos pouco dinheiro por portal. Não aguentamos portais de ranks superiores para os monstros droparem itens mais comerciáveis. - Falava levantando o primeiro dedo e sorrindo daquela famosa forma triste e cômica ao mesmo tempo.

-  Boa fama, também não vou ter sem ir em portais superiores. Eu despertei tem um tempo já. - Lembranças de minha repulsa inicial por ser Healer eram tão constantes em minha mente que acabava sendo difícil de determinar quanto tempo eu havia despertado. - Resolver portais rank E e D nunca aumentaram a minha fama ao ponto necessário para fazer uma guilda. Posso ganhar fama entre ranks baixos como alguém que está viva a muito tempo, mas nunca seria o suficiente. Não é porque um jogador de basquete joga de forma estável em uma liga inferior a sua vida toda que ele vai ficar famoso.  - Falava levantando o segundo dedo. Aquele ponto eu realmente não sabia se era completamente verdade, não sei quão "famosa" a pessoa precisa ser para fundar uma guilda. Fama sequer é um ponto necessário? Ou ele falou só de forma que a guilda funcionaria melhor se eu fosse famosa? De qualquer forma, aquela pode não ter sido a melhor das comparações, mas parecia algo bem real, não lembrava de nenhum jogador famoso de qualquer tipo de esporte que não fosse dos maiores times.

- Bons aliados e relações amistosas, eu não sei se consigo considerar pessoas que simplesmente ignoram outras por serem mais fracas como bons aliados. - Falava olhando para a guilda que Evgeny havia ido. - É muito melhor formar amizades com pessoas como você. - Eu dava uma pausa porque acabava hesitando no que iria falar, fiquei com medo de Raegar se sentir ofendido por um instante, mas a realidade é que se ele se sentisse ofendido era diferente de quem eu acabaria descrevendo. - Que apesar de ser fraco, aceita o fato igual eu. Por isso conseguirá viver o suficiente para sempre fazer a diferença mesmo que nos portais mais fracos. - Com isso levantava o terceiro dedo.

Ele acabava pedindo desculpas por "falar demais". Porém aquilo realmente me pareceu uma mera demonstração de que ele era uma boa pessoa. Se preocupando comigo e com Evgeny mesmo tendo nos conhecido a pouco tempo. - E não pense que eu seria uma mera suicida que faria as coisas para criar a guilda. A caçula é rank B e ela que comentara de criar uma guilda se eu não pudesse entrar em nenhuma. - Naquele momento me tocava que na verdade havia saído com Evgeny para procurarmos por minha prima. - Minha prima também é rank B. - Comentava olhando para os lados, procurando por ela. - Não sei se ela desejaria entrar para uma guilda pequena ou fazer parte da fundação de uma. Mas a minha irmã claramente faria o possível para que isso se realizasse. - Na verdade esse era o objetivo primário dela se não achássemos nenhuma guilda.

Com aquilo tudo dito, ainda precisava responder Evgeny de qualquer forma. - Não vou enterrar a ideia de entrar numa guilda, talvez exista alguma que preste. E que tornaria as coisas mais "fáceis"... - Comentaria para Raegar enquanto respondia o animadinho. - Vou procurar alguma por aqui ainda... - Apesar de pensar nisso. Naquele momento parecia que o clima da situação a nossa volta mudava um pouco. O local estava mudando para um baile. - Ou podemos deixar isso para quando voltarmos ao Japão. - Comentava percebendo que tentar entrar numa guilda naquele momento seria impossível.

Evgeny parecia já disposto a ir dançar, se arrumando e basicamente esperando alguém chamá-lo para tal. Eu então me virava para Raegar. - Bem, prazer te conhecer. - Falava estendendo a minha mão para ele. - Se você não conseguir entrar em uma guilda aqui. Sinta-se a vontade para ir para o Japão, será bem vindo na nossa guilda. - Comentava com um sorriso. - Agora preciso achar a minha prima antes que ela se perca por completo. - Falava me despedindo dele e saindo a procura da minha prima.

Larguei as calças no chão com uma sensação de dever cumprido por ter salvo aquele rapaz de um evento traumático. Com isso pude deixei o banheiro para aproveitar a festa me sentindo um verdadeiro super-herói de capa.

- Bom garoto... - Uma vez do lado de fora recompensei meu pequenino com um pouco de carinho, afagando seus pelos macios de meu pequenino - Quem é o malandrinho numero um da Coreia? Ein? Quem é o mais malandro? - Ele deitava de pernas pro ar diante das cócegas que eu fazia nele. - É você! Hehehehe... - Por fim dei um petisco para ele e uns tapinhas suaves em sua cabeça.

De volta à pista de dança eu logo avistei um bar bem movimentado e tive a curiosidade de ver o que encontraria por lá. E assim encostei no banco e logo o barman se aproximou ao notar minha presença. - No que posso ajudar?

Eu já esperava que ele perguntaria isso, mas não pude deixar de transparecer surpresa em meu rosto. Com certo nervosismo olhei em volta para ver o que as pessoas pediam para que pudesse me misturar. - Ah, sim. Me dê uma cervejinha ai. - Deixei meu rosto rígido para mostrar seriedade em meu pedido.

- Identidade, por favor. - Foi a sua resposta.

Por trás de meus óculos os olhos se esbugalharam, mas continuei a conter qualquer traço de ansiedade. - Por quê? Vocês americanos por acaso discriminam os estrangeiros? - Tentei desconversar e colocá-lo numa saia justa.

- Não, não. Só quero confirmar sua idade. Aqui na América a idade legal para o consumo de bebida é vinte e um anos. - Ele disse na maior calma do mundo.

- VINTE E UM?! - Toda a máscara de seriedade ia por água a baixo ao ouvir essa informação. Se eu achava que os dezenove anos da lei da Coreia era muito, imagine isso. - Ah, sim... É que na Coreia é meio diferente, sabe?

- Bom, você está na América agora. Lamento.

- Espera. E se eu te mostrar um truque interessante em troca de uma dose? Só uma... - Tentei persuadir ele a fazer vista grossa.

Ele talvez estivesse mais predisposto a ser convencido devido ao festival e por isso consentia ao acenar a cabeça. Com sua disposição eu já trouxe o Xaropinho para cima do balcão e me preparei para o truque. - Xaropinho... - Dei um toque suave na frente dele, me preparando para soltar meu comando em voz. O que estava por vir era mais do que "senta", "rola" ou "fala". Minha mão subiu e enquanto o cachorro seguia meus dedos com os olhos eu anunciei o truque. - ...Twist Duplo carpado! - E com isso o Doguinho saltava aplicando mais força nas patas dianteiras para realizar um backflip. - Bom garoto. - Lhe dei um petisco ao fim de sua atuação.

O barman observava aquilo atentamente e logo ao fim da performance apenas deixou um sorriso escapar de seu rosto enquanto se aprontava para cumprir sua parte do trato. - Aqui está. - Ele apoiava um copo de cerveja em minha frente.

Eu observei aquele copo com admiração. Era uma cena bonita: Um líquido quase dourado com uma espuma alva e saborosa aos olhos além de gotas de água se condensando ao vidro. Nunca tinha bebido na vida, mas o jeito que engrandeciam e aquela beleza natural me faziam já presumir que se tratava de algo delicioso. Por isso eu queria provar e tomar minhas conclusões por conta própria, portanto levei o copo aos meus lábios e...

Cuspi no primeiro gole. - QUE NEGÓCIO RUIM, MERMÃO! - O líquido que era tão admirado e bonito em uma primeira impressão na verdade tinha o sabor de terra com água.

Limpei a boca e pousei o copo no balcão me recusando a beber mais um gole sequer. Depois disso me voltei para o pessoal ao redor para pedir perdão por minha atitude, em especial o barman e as moças - Desculpa ai, gente.

Wander Ley-Son: EVENTO: